Miniconto: Cidinha encontra Felicidade

 Dia 20 de março é o dia do contador de histórias e o dia internacional da felicidade e eu achei tão legal que quis juntar as duas datas e escrever um conto sobre. Então pegue sua almofada, acomode-se e junte-se a mim.


Cidinha encontra Felicidade

Dona Cida é uma contadora de histórias. Sempre que podia, contava aos seus filhos de quando ela mirou um bicho-papão bem no olho, de quando salvou seu mais novo de um dragão e até mesmo de quando afugentou a morte com uma vassoura. Ela amava suas histórias.

No entanto, seus filhos andavam ocupados e seus netos já não queriam mais lhe ouvir contar. Mas Cida é persistente, então me pediu para contar uma de suas histórias para vocês.

Ela não queria assustar, então não seria a da morte, nem entristecer - do dragão está fora. Decidiu então que seria quando encontrou Felicidade.

Muito antes de ser dona Cida, ela era Cidinha, uma moça sem dores na coluna e inchaço nas pernas, que trabalhava e via o sol nascer.

Um dia, Cidinha estava no trem voltando para casa quando uma das portas abriu e, no amontoado de corpos em movimento, surgiu um feixe de luz, do tipo mais brilhante. Aquilo a cegou por algum tempo e depois ela percebeu que não se tratava de uma luz e sim de um homem.

Ele estava suado, surrado, com mãos cheias de calos e um chapéu antigo, mas tinha um sorriso tão bonito, tão contagiante que a fazia esquecer de todo o resto. O homem ficou de frente para onde Cidinha estava e comentou sobre o tempo, desejando um refresco do calor. Ela sorriu. Os olhos dele brilharam. Ela perguntou seu nome e descobriu que era Felicidade.

Isso mesmo, a tal da Felicidade era um homem, que acompanhava Cidinha toda vez que voltavam para casa. Descobriu que ele também era um contador de histórias, daquelas que faziam todo mundo rir, lhe mostrava suas cicatrizes de tristeza, daquelas que a vida dá de graça.

Depois de um tempo, Cidinha e Felicidade se tornaram parceiros de aventuras. Juntos, eles enfrentaram bruxas, caminhos sombrios e feitiços. Sua maior aventura foi quando tiveram um juramento, e o laço entre eles duraria por toda a eternidade.

Após filhos e netos, as ações ficaram somente em palavras ditas até Felicidade ter de levar seu lindo sorriso para uma caminhada solitária, deixando Cidinha por aqui.

Agora, ela segue a missão de continuar contando suas histórias e as de seu fiel companheiro, até se encontrarem novamente.

Mas a verdade é que nunca houve dragão, muito menos bruxas e feitiços, e dona Cida sabe disso muito bem, porém suas histórias são sempre verdadeiras. O nome de seu marido não era Felicidade, mas ela o nomeou assim por fazê-la sempre sentir esse sentimento tão especial. Batizando também o dia em que se conheceram como Dia Feliz.

Assim, com o coração quentinho, termino a história de quando Cidinha encontrou Felicidade.

Escrito por: Alissa OB

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